PAPO DE BARRIGA COM ELX II

Osso nasal, Ultrassom e Síndrome de Down


Dr. Ribeiro, A. O. 27/01/2018
Hoje, quando uma mulher descobre que está grávida e tem recursos suficientes para iniciar de forma adequada o pré-natal, ela se depara com um conjunto de exames que identificam diversas doenças e problemas na gestação. Infelizmente mesmo sendo quase universal a cobertura da assistência pré-natal no Brasil 75,8% das mulheres iniciaram o pré-natal até a 16ª semana gestacional e apenas 73,1% tiveram o número mínimo de consultas previstas para a idade gestacional [1].

Elx, nosso bebê, nossa semente !!!
Um destes exames é a ultrassonografia de translucência nucal que entre várias medidas avalia e presença e o tamanho do osso nasal. Pasmem, a relação entre a presença do osso nasal e o Síndrome de Down foi identificada em 1866 por Langdon Down [2], médico britânico de origem Irlandesa. Em busca de uma classificação de problemas que até então eram considerados mentais, ele observou que portadores de Síndrome de Down apresentam narizes pequenos, mas só a partir do trabalho de  Keeling JW, Hansen BF e Kjaer I [3] onde foi estudado a má-formação óssea 31 post mortem (abortados entre 12 e 24 semanas de gestação) que apresentavam Síndrome de Down usando radiologia. Neste estudo houve ausência de ossificação do osso nasal em oito casos 25,8% assim foi o começo da quantificação da relação entre o osso nasal e a Síndrome de Down.

Em 2001 o pioneiro trabalho de Cicero et al [4], Absence of nasal bone in fetuses with trisomy 21 at 11-14 weeks of gestation: an observational study, onde foi realizado um exame ultra sonográfico do perfil fetal de 701 fetos entre 11-14 semanas de gestação. O resultado foi que para 603 casos de fetos normais apenas 3 (0.5%) apresentaram ausência de osso nasal. Para 59 fetos com Síndrome de Down 43 (73%) apresentaram ausência do osso nasal. A relação do tamanho do osso nasal e idade gestacional dependia do grupo estudado e em 2008 Paulo Sérgio Cossi; Edward Araujo Júnior; Luiz Cláudio de Silva Bussamra; Hélio Antonio Guimarães Filho; Luciano Marcondes Machado Nardozza e Antonio Fernandes Moron apresentaram um estudo para nossa população, e obtiveram a curva de referência do comprimento do osso nasal. A curva pode ser vista abaixo. O estudo realizado entre janeiro de 2004 e março de 2005, no Departamento de Obstetrícia da Universidade Federal de São Paulo/Escola Paulista de Medicina (Unifesp/EPM) avaliou a medida do osso nasal entre 11 e 15 semanas de gestação de 171 gestantes.



Mesmo sendo uma área bem jovem, com uns 30 anos apenas, a medicina fetal já pode identificar e resolver muitos problemas com exames não invasivos e relativamente simples. A prevenção da morte prematura, cura ou tratamento da doença, dano ou incapacidade, para evitar o sofrimento e a dor desnecessárias já é uma realidade para as famílias que tem acesso a estas tecnologias.


Isso é CIÊNCIA !!!

Referência:
[1]Assistência pré-natal no Brasil

[2]OBSERVATIONS ON AN ETHNIC CLASSIFICATION OF IDIOTS BY J. LANGDON H. DOWN, M.D., LOND

[3] Pattern of malformations in the axial skeleton in human trisomy 21 fetuses

[4] Absence of nasal bone in fetuses with trisomy 21 at 11-14 weeks of gestation: an observational study. Lancet. 2001;358:1665-7

[5] Medida do comprimento do osso nasal entre 11 e 15 semanas de gestação em uma população brasileira: estudo preliminar
http://dx.doi.org/10.1590/S0100-39842008000300005 


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